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terça-feira, 20 de outubro de 2015

Agradecer

Talvez por aquilo que passei, ou talvez não, talvez seja assim com todos os pais, mas raramente me esqueço de como era sem o Samuel. Ou de que podia ainda ser assim, se o destino tivesse sido mais cruel.
Talvez por isso seja mais tolerante, mais paciente, mais agradecida pela benção que ele é na nossa vida.

Esta manhã só me quis a mim, a mamã como ele já diz tão bem, e aninhou-se no meu colo e ficamos aos abracinhos e eu pensei que ia rebentar de amor

É um cliché dizer a quem está a passar por uma situação de infertilidade para não desistir e ser forte, porque a recompensa é tão maior que o sofrimento passado. Mas eu sei que o sofrimento é grande e não deixa ver muito para além dele, mas acreditem que quando chega o vosso momento e o destino vos sorri, é bom demais!

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Reviver

Hoje ligaram-me do CIRMA, queriam marcar o tratamento. 
Naqueles 2 segundos que levei a interromper a senhora, revivi os últimos 3 anos. Senti-me invadir por um mau estar enorme, de repente já não estava grávida, estava novamente à espera. As consultas, os exames, a medicação, os tratamentos, os nervos, revivi tudo outra vez.
Não se esquece o que passou, mas já há muito tempo que não o sentia tão intensamente. 
Lá lhe disse que já não precisava, 
-sim, estou grávida
-8 meses
-é um menino!
-Que boa notícia, muitos parabéns e uma hora pequenina!

Não consegui ainda desapertar o coração, que ficou pequenino, pequenino.

Fiquei a pensar se teremos de passar por tudo novamente quando pensarmos no segundo.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Dizem que as grávidas ficam muito emotivas (leia-se choronas) por causa das hormonas, não sei se ainda é cedo para isso ou se sou a excepção, mas não notei diferença. E eu que sou de lágrima fácil, não chorava desde que soube que estava grávida, nem nas ecografias nem nada. 
Até ontem.

O nome estava escolhido por mim há muito, muito tempo
Antes que a médica confirmasse aquilo que já sabíamos, antes sequer de estar grávida. 
Não foi fácil convencer o meu marido, que tinha uma série de outras opções mas eu só tinha esta e expliquei-lhe o melhor que pude que eu sentia que era este o nome certo.

Depois de escolhido, tornou-se um segredo só nosso, a três.

Este fim de semana acabámos por contar aos meus pais, contei porque tive medo que o meu marido explodisse por não poder contar! Já vos disse que ele deixou de saber guardar segredos, não disse?

Eu sabia que era um nome bíblico, mas não sabia a história. Ontem o meu marido foi pesquisar isso mesmo na internet e encontrou isto.

Não consegui ficar indiferente, muito menos impedir as lágrimas de rolarem cara abaixo. Achei tão bonita a história, tão nossa. 
O meu menino, tão esperado e desejado, o meu Samuel.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Quem sabe, sabe

Há umas semanas tivemos um jantar com alguns casais, um dos quais já sabia da novidade, outro não conhecíamos e outro que já não víamos há imenso tempo, mas que sabíamos que tinham o seu pequeno Guilhermes graças a tratamentos.

Assim que nos sentamos à mesa, perguntaram se eu queria vinho, nem tive tempo de responder, o meu marido disse logo "ela não pode porque está grávida!". Eu posso com isto?? Este homem deixou de saber guardar segredos... Enfim, foi uma festa e o assunto acabou maioritariamente por ser este o resto da noite.

A R. que fala bastante abertamente sobre a situação de infertilidade e os tratamentos que ela e o marido passaram, contou-me que queria mais um filho mas o marido não e já está quase com 40 anos, o que era uma pena porque tinham ainda embriões crio preservados. Brincámos até que agora ela nem precisava dele, bastava ir à clínica.
Hesitei se lhes contava da nossa situação, não por mim, mas pelo meu marido, mas não podia perder a oportunidade de falar pessoalmente com alguém que passou pelo mesmo
Senti-me como um daqueles combatentes do ultramar a trocar histórias de guerra. Tirando o apoio virtual que aqui tenho recebido (e que não vale pouco!), nunca tinha falado com alguém que realmente percebesse a angústia de passar por algo assim. Nunca me tinha sentido tão compreendida, lavei a alma! 

Sei que não é muito fácil falar destas coisas com outras pessoas, mas se tiverem a oportunidade de desabafar, façam-no.


sexta-feira, 17 de maio de 2013

Ontem


Que dia cansativo... Todo o processo é difícil e fazê-lo a 300km de casa não ajuda nada!

A análise ao estradiol teve o resultado de 275, quando o esperado seria perto de 400...
A ecografia revelou um folículo de 12 e 6<10 no ovário esquerdo e 3 de 12, 13 e 14 e 10<10 no outro. Nada muito espetacular, como se vê.

Falei com o médico e ele estava hesitante entre manter a medicação e na 2ªf fazer nova ecografia ou seguir para a punção na 3ª. Disponibilizei-me para o que fosse necessário, obviamente, e ele achou melhor seguir para a punção.
Assim continuo o menopur e cetrotide até sábado, domingo já não faço nada e na madrugada de 2ªf faço o pregnyl. 
A punção será na 3ªf às 14h e a transferência na 5ªf ou 6ªf.

Estou um bocado desanimada, queria estar a responder melhor para termos mais hipóteses de sucesso. Eu sei que basta um, que poderia ter 20 folículos bons e mesmo assim não engravidar.
Tento ao máximo confiar que o médico esteja a fazer o melhor para nós, mas ao mesmo tempo estou sempre a duvidar se devíamos esperar mais uns dias, alterar a medicação, sei lá... 
Eu sei que não há respostas certas, é tudo muito variável e a sorte ou o azar têm um papel enorme nestas coisas.

O cansaço, a frustração e os nervos deram origem a um pequeno ataque de pânico ontem à noite na altura de dar a primeira injeção do cetrotide... Fiquei cheia de medo de aparecer sangue e ter que jogar tudo fora, como diz nas instrunções. Lá chamei a minha enfermeira pessoal antes de fazer alguma asneira e correu tudo bem. Vocês são uma corajosas de fazer tudo sozinhas!

Agora é transformar esta ansiedade em otimismo, afinal porque é que não há de resultar?

Hoje é dia do nosso aniversário, 11 anos! Não há orçamento para grandes comemorações, mas pelo menos haverá um jantarinho fora para distrair a cabeça.

Bom fim de semana.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

​O mês de março foi difícil, longo e confuso... Eu que até gosto muito de chuva já anseio por dias de sol.​




Dia 19 tivemos a nossa consulta. Não foi nada do que eu estava à espera, mas as expetativas são mesmo assim. 

Gostámos do médico, despachado e direto, mas explicando tudo muito bem explicadinho numa consulta que demorou 2h. Disse que o diagnóstico estava feito, o problema não é muito grave, mas a verdade que que se passaram mais de 2 anos sem haver gravidez. Não aconselha IIU, mas sim FIV ou ISCI

Já sabíamos ao que íamos por isso tratámos logo da papelada toda, das receitas para os medicamentos e da consulta com a enfermeira e ficou marcado para maio.

Devo admitir que a partir de certo momento estava em piloto automático. Não sei bem explicar, já ia bem informada dos tratamentos, seus procedimentos e custos, mas depois a realidade de tudo aquilo assoberbou-me. Assinar os papéis, escolher quantos embriões transferir, crio preservações, injeções, protocolos, viagens a Lisboa... Já só queria ir para casa e enfiar-me debaixo das mantas. Valeu-me o meu marido, disposto a tudo e animado com a solução do nosso problema com data marcada.

Passados todos estes dias, estou mais calma, mas não tenho o entusiamo que pensei que ia ter quando déssemos este passo. A psicóloga também ajudou, desmistificou e desconstruiu algumas das minha preocupações. 

Talvez a responsabilidade emocional e financeira de tudo isto me esteja a dominar, talvez seja porque no mais profundo do meu ser eu não quero um filho da maneira que tiver que ser e sim de forma natural sem tanta gente a ajudar, talvez seja só falta de férias e de ocupar a cabeça com outras coisas.

Tenho o mês de abril para me preparar para enfrentar isto com o animo e otimismo merecido, assim como ganhar o euromilhões, desfazer-me do conteúdo da minha casa no OLX, vender um rim no mercado negro, agradecer pela família generosa que tenho e que se prontificou logo para ajudar.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Da consulta, a que foi e a que aí vem


Lá fomos novamente ao hospital, eu fiz a ecografia pélvica (tudo ok) e o marido foi ao urologista (aí nada de novo a acrescentar).

Um pequeno à parte, na sala de ecografias atendem duas pessoas de cada vez então quando entrei já lá estava uma grávida. Cheguei a pensar que era até um pouco cruel que fosse eu, e não o marido da senhora, ali naquela sala com ela, enquanto se ouviam os batimentos cardíacos do piqueno (nunca tinha ouvido, é incrível!) e ela ficava a saber que quase de certeza que vai ter uma menina
Depois o médico perguntou-lhe porque é que ela não tinha feito a amniocentese, ao que ela responde que foi por causa do risco sr. dr., depois de 5 abortos, tanto me faz o que vem aí, desde que venha
Gelei por dentro, há pessoas que passam por coisas que eu nem consigo imaginar...


Enquanto esperávamos, perguntei ao meu marido se ele estava melhor ou pior depois da última consulta. 
Tal como eu, está melhor
Não sabemos bem explicar, não há uma razão objectiva para isso, continuamos como antes, à espera. Mas temos aquela sensação de que as coisas se estão a mexer, é como se já não dependesse só de nós

O pedido de consulta no público está feito e a marcação no privado também, vamos já na próxima semana! 
Estou a tentar manter-me descontraída, com baixas expectativas, mas é difícil. Escolher uma clínica, escolher um médico, tantas variáveis... tanta responsabilidade... 
Presumo que estes sentimentos têm a ver com o enorme investimento emocional e financeiro que é feito em quem nos ajuda. Só espero peço imploro que tenhamos sorte e nos calhe alguém que nos encha as medidas, no sentido figurado e literal!

quinta-feira, 7 de março de 2013

Da consulta

Hoje foi dia de nova consulta no hospital. 
Não foi preciso dizer nada, que a médica depois de ver os exames informou que não havia muito mais que lá pudessem fazer e que nos ia encaminhar para PMA no Garcia de Horta.

O pedido de consulta já foi feito e entretanto pediu uma ecografia pélvica para mim e exames de sangue ao marido. Vai fazer uma pasta com todo o processo para levarmos à consulta e que podemos ir buscar dia 16/05 (wtf?!). Aparentemente o processo fica pronto mais cedo, ela é que não tem disponibilidade para nos atender antes...
Também disse que não nos deviam chamar antes de junho, por isso não havia problema. Com prazos destes, não sei porque é que ela fez cara feia quando lhe perguntei se haverá algum problema se entretanto formos a uma consulta no privado. Até a médica estagiária comentou que os tempos de espera são longos...

Agora é esperar que liguem.


Tinha todo um discurso preparado na minha cabeça para lhe pedir encaminhamento para apoio psicológico, mas quando comecei a falar só saiu tenho andado muito nervosa e a minha mãe disse que seria bom falar com alguém. Senti-me uma miúda de 12 anos (a minha mãe disse... tenho 30 anos pelo-amor-de-deus!) e tive que morder o lábio para não chorar, não consegui dizer mais nada e só queria um buraco no chão para me enfiar... 
Ela disse que sim, podia pedir uma consulta. 
E depois rematou com não estão assim à espera à tanto tempo para estar assim
Pimenta nos olhos dos outros é refresco, foi o que me apeteceu dizer, mas só saiu um pois...
Eu sei que ela não é mal intencionada, mas talvez devessem ter escolhido alguém com  coração um bocadinho mais de tacto para um departamentos destes. Ou então sou eu que sou uma mariquinhas, o psicólogo logo há-de dizer! :P

A dúvida que ficou foi se esperamos pelo processo para ir a uma consulta numa clínica ou não. (para não falar que clínica escolher...) 
As meninas que já foram atendidas no privado podem-me dizer que papelada é que levaram e o que é que eles pediram lá?
Obrigadinha.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Volte à casa da partida




Oligoastenozoospermia foi o resultado do exame.

Basicamente estamos na mesma, no mesmo sítio onde estávamos à um ano atrás.

Nós sabíamos que podia não resultar, foi um risco consciente. Mas mesmo assim foi um soco no estômago. Não estava à espera de milagres, mas esperava ver alguma melhoria, algo que nos fizesse continuar a tentar com esperança e alegria, que nos fizesse acreditar que chegaríamos lá naturalmente.  

Não estou triste, estou zangada, frustrada, cansada.

Caramba, o meu marido não merecia este resultado depois do sacrifício que ele fez. Morro um bocadinho quando vejo a culpa nos olhos dele, por muito que lhe diga que não vejo as coisas assim, é um problema nosso, não é teu ou meu, não é culpa de ninguém, sei que ele carrega aquele peso na mesma.

Também sei que não somos nenhuns coitadinhos e que isto é a reação mais imediata. Daqui a uns dias estaremos mais conformados e seguiremos com o nosso plano.

Desistir é que não, nunca!