terça-feira, 20 de outubro de 2015

Agradecer

Talvez por aquilo que passei, ou talvez não, talvez seja assim com todos os pais, mas raramente me esqueço de como era sem o Samuel. Ou de que podia ainda ser assim, se o destino tivesse sido mais cruel.
Talvez por isso seja mais tolerante, mais paciente, mais agradecida pela benção que ele é na nossa vida.

Esta manhã só me quis a mim, a mamã como ele já diz tão bem, e aninhou-se no meu colo e ficamos aos abracinhos e eu pensei que ia rebentar de amor

É um cliché dizer a quem está a passar por uma situação de infertilidade para não desistir e ser forte, porque a recompensa é tão maior que o sofrimento passado. Mas eu sei que o sofrimento é grande e não deixa ver muito para além dele, mas acreditem que quando chega o vosso momento e o destino vos sorri, é bom demais!

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

O novo normal

21h30 e a casa já dorme.
Este é o nosso novo normal. 
Desde as primeiras semanas que demos muita importância à rotina do deitar, sempre as mesmas coisas sempre à mesma hora e assim o Samuel sempre se deitou pelas 21h. Dito assim parece espetacular: depois das 21h posso fazer aquilo que quiser! Mas não é bem assim pois não? O cansaço é enorme... 
Há dias em que me deito logo com ele , na maioria há arrumações, limpezas, comida para preparar, nos restantes até posso ir para o sofá, mas nem conseguimos conversar como deve de ser, o cérebro parece que já nem funciona bem e vemos televisão quase em silêncio.
Falta-me a energia e tenho até dificuldade em estar fora de casa à noite porque a confusão ainda me esgota mais.
Noites interrompidas, um rapaz que acorda cedo além da correria do dia a dia, tudo isto desgasta.
Mas não me estou a queixar, é apenas uma constatação. Não sei como é que antigamente jantava tarde, ia sair e essas coisas todas que as pessoas normais fazem à noite. Não me lembro, mas devia ser bom! 
Agora o meu dia acaba à 21h30, tudo o resto é sacrifício.



sexta-feira, 7 de agosto de 2015

De volta

Ainda estou por aqui!! Embora já não saiba se ainda tenho alguém para me ouvir...

Sempre critiquei quem tinha filhos e depois deixava os blogs, que disparate, querem ver que não têm 5 minutos para escrever qualquer coisinha?!
Mas como li no outro dia: eu também era muito boa mãe antes de ter filhos! Não é que não tenha 5 minutos, nem é sequer que não tenha vontade de cá voltar, mas o tempo escorre pelas mãos, a cabeça ainda não voltou ao lugar (voltará algum dia?) e sem que dê por isso, passam-se dias, semanas, meses...

Hoje é o dia! 
Como estão as coisas? Maravilhosas!! Já não tenho um bebé, tenho um menino de (quase) 16 meses que é mais, muito mais do que eu podia sequer ter imaginado.

Sou um cliché ambulante: sim é o melhor da vida! Mas é também o mais cansativo e exigente. Nada na minha existência será melhor ou mais difícil do que criar um filho.

Não voltei atrás para ler o que escrevi, mas sei que os primeiros meses foram agridoces, a adaptação foi lenta, as hormonas andaram descontroladas, a amamentação foi difícil, mas os meses passaram e estou muito mais equilibrada. Ainda não me voltei a encontrar totalmente, não sei bem explicar mas perdi muito da minha identidade em todo este processo. Sou mãe galinha e vivo muito para o Samuel, delego muito pouco e sou péssima a pedir ajuda, mas estou a tentar melhorar porque afinal não consigo fazer tudo...

Tanto daquilo que pensava ou acreditava antes de ter filhos ficou pelo caminho, não por necessidade, mas por crença de que se respeitar o tempo do meu filho as coisas acontecem naturalmente. Tornei-me adepta da parentalidade com apego, do co-sleeping e da amamentação prolongada. Não são opções para toda a gente, nem eu sei mais que ninguém, o meu conselho é apenas que escutem o vosso coração e observem o vosso filho. Não sintam culpa por colo ou mimo, não se deixem levar por pressões de terceiros, façam o que te vos fizer mais sentido, façam o que sintam melhor para vocês e para o vosso filho.

Como disse, a amamentação continua, as dificuldades dos primeiros meses foram ultrapassadas e agora são momentos de muito amor e cumplicidade entre nós. A maminha ajuda em tudo: na fome, na dor, na doença, no sono... É só vantagens!! ;)

Voltei ao trabalho em dezembro, foi horrível, as horas longe dele parecia que me abriam um buraco no peito... Mas fomos-nos habituando os dois e agora o tempo passa a correr. Felizmente a empresa permite-me fazer as 6h de seguida, então consigo ir buscá-lo cedo. Está com a minha sogra, tendo essa opção, não consegui deixa-lo com estranhos e está a correr muito bem. Ela faz as coisas da forma que lhe pedimos (enfim, quase tudo) e eles adoram-se!

Agora estamos de férias, as primeiras a 3, e é tão bom!!! Há qualquer de mágico em ver as coisas pelos olhos de uma criança, tudo é novidade e as reacções que ele tem com as coisas mais simples são deliciosas.

O rapaz tem 11 dentes, começou a andar antes dos 13 meses, mas está demorado para falar. Percebe tudo, mas só diz algumas palavras e imita alguns animais e objetos. Lá chegaremos a seu tempo.

Antes de me despedir, queria só registar o orgulho que tenho no meu corpo. Se juntarmos alguma insegurança à infertilidade, acabamos por olhar para nós com algum desgosto. Mas tudo isso foi substituído por um orgulho imenso num corpo que criou um bebé saudável durante 9 meses, o pariu, o alimentou em exclusivo durante 6 meses, continua a alimentá-lo e pela sua resiliência pelas noites de sono interrompido.
 heart emoticon

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