quarta-feira, 24 de abril de 2013

Nós por cá


Estou a seguir o conselho da psicóloga e estou de férias este mês, não férias do trabalho, mas férias do assunto maternidade.
É possível? Mais ou menos, estou a tentar pelo menos.

Este mês não houve treinos, nem contagens de dias, nem pernas ao alto!

Temos sido só ele e eu, como antigamente, falando dos nossos boring old problems, reclamando de muito trabalho e pouco dinheiro e os gatos que deixam pêlo por todo o lado e o Sporting que está sempre a perder pá! 

A viagem a Barcelona está perto e será o culminar deste mês a dois, a calmaria antes da tempestade que se segue.

A medicação já lá está em casa, e eu que não tenho medo de agulhas, tremo um pouco de pensar nas auto-espetadelas que se seguem. Mas não há-se ser nada, certo? 

Sinto-me bem, como não me sentia à meses. Acabaram-se as crises de choro, o aperto no peito, a obsessão... Sinto-me como se já não dependesse de nós. Não, não, agora está tudo por conta do sr. doutor. Eu sei que não é verdade, mas o meu cérebro processou tudo assim e eu aproveito esta fase relaxada.

Claro que fico um pouco nervosa de pensar no tratamento (no decorrer e no resultado), mas a maior parte do tempo estou quase que entusiasmada, quase que desejosa.

Sei que tudo vai mudar daqui a umas semanas. Conhecendo-me como conheço, à minha personalidade montanha-russa vou juntar uma dose diária de hormonas e vai ser a loucura! Ou talvez eu consiga estar mais serena, quem sabe.

Uma coisa de cada vez.

sexta-feira, 12 de abril de 2013


Fiquei tão mais leve depois de escrever o último post. 
Enquanto penso-escrevo-leio-apago-volto-a-escrever-releio, os meus pensamentos arrumam-se e compreendo-os melhor. 
Compreendo-me melhor. 
Porque afinal escrevo, principalmente, para mim. 
Não há cá mentirinhas, não vale a andar por aí aqui a fingir que entusiasmada que estou com a PMA, porque não estou.

É um mal necessário que eu pensei que ia encarar sem espinhas, mas não está a ser assim... Pelo contrário, nos primeiros dias apetecia-me era desistir de tudo.

Mas percebi que esta não é a nossa primeira tentativa, e que por à primeira ter falhado, talvez o coração esteja mais reticente em acreditar desta vez.

Faço-me ver que pode correr bem, relembro-me porque estamos a fazer isto, mostro-me o resultado se correr bem.

Vejo e revejo séries com famílias que admiro, que são fictícias eu sei ainda não perdi totalmente o juízo, mas que me fazem rir e chorar e me relembram daquilo que quero para mim.

O resultado final é que é importante, como chegaremos lá não importa. Não pode importar.



segunda-feira, 1 de abril de 2013

​O mês de março foi difícil, longo e confuso... Eu que até gosto muito de chuva já anseio por dias de sol.​




Dia 19 tivemos a nossa consulta. Não foi nada do que eu estava à espera, mas as expetativas são mesmo assim. 

Gostámos do médico, despachado e direto, mas explicando tudo muito bem explicadinho numa consulta que demorou 2h. Disse que o diagnóstico estava feito, o problema não é muito grave, mas a verdade que que se passaram mais de 2 anos sem haver gravidez. Não aconselha IIU, mas sim FIV ou ISCI

Já sabíamos ao que íamos por isso tratámos logo da papelada toda, das receitas para os medicamentos e da consulta com a enfermeira e ficou marcado para maio.

Devo admitir que a partir de certo momento estava em piloto automático. Não sei bem explicar, já ia bem informada dos tratamentos, seus procedimentos e custos, mas depois a realidade de tudo aquilo assoberbou-me. Assinar os papéis, escolher quantos embriões transferir, crio preservações, injeções, protocolos, viagens a Lisboa... Já só queria ir para casa e enfiar-me debaixo das mantas. Valeu-me o meu marido, disposto a tudo e animado com a solução do nosso problema com data marcada.

Passados todos estes dias, estou mais calma, mas não tenho o entusiamo que pensei que ia ter quando déssemos este passo. A psicóloga também ajudou, desmistificou e desconstruiu algumas das minha preocupações. 

Talvez a responsabilidade emocional e financeira de tudo isto me esteja a dominar, talvez seja porque no mais profundo do meu ser eu não quero um filho da maneira que tiver que ser e sim de forma natural sem tanta gente a ajudar, talvez seja só falta de férias e de ocupar a cabeça com outras coisas.

Tenho o mês de abril para me preparar para enfrentar isto com o animo e otimismo merecido, assim como ganhar o euromilhões, desfazer-me do conteúdo da minha casa no OLX, vender um rim no mercado negro, agradecer pela família generosa que tenho e que se prontificou logo para ajudar.