Giuliana & Bill

Tenho um ponto fraco por reality shows, daqueles dos famosos que passam no canal E!. Não levo nada daquilo a sério, bem sei que a maior parte é encenada para as câmaras, mas se estiver a dar é certinho que fico a ver...

Isto a propósito da notícia que a Giuliana vai ser mãe. Para quem não conhece, ela é apresentadora no canal E! e o Bill ganhou uma das temporadas do The Aprentice com o Donald Trump. O programa segue a vida de casado deles e posteriormente as suas tentativas para engravidar. 

O que me atraiu, para além da óbvia relação com o minha situação, é a maneira como eles abordam a situação, sem expor demasiado a intimidade do casal, mas mostrando que a infertilidade afecta pobres e ricos, famosos e desconhecidos. Sem uma causa conhecida para a sua infertilidade, para além da idade, eles passam por FIV's, por um aborto e pela detecção de cancro na mama, que levou a uma dupla mastectomia... 

Sei que entre a realidade e o que passa na tv, vai um bocadinho, no entanto não posso deixar de admirar alguém que passa por tudo isto de cabeça erguida e se mantém a trabalhar e a dar a cara por um assunto que é ainda tabu, principalmente entre os famosos. Numa entrevista, ela falava que sempre se concentrou mais na carreira, sem ter pressa para ter filhos, porque afinal conhecia tantos famosos que tinham sido pais tardiamente. Quando achou que a altura dela tinha chegado, percebeu que realidade é bem diferente, que a maioria dessas mulheres teve que se submeter a tratamentos para conseguir engravidar, sem que nunca falassem publicamente sobre isso (e estão no seu direito, obviamente).

Agora eles vão ser pais através de uma barriga de aluguer.

Depois destes resultados, o texto da Dina veio mesmo a calhar porque é a situação que vivemos cá em casa. Sem entrar em exageros, pois só andamos nestas andanças de engravidar à ano e meio, este é o assunto que mais falamos. E realmente a minha reacção e a dele não poderiam ser mais diferentes. Quando lhe contei das análises ele reagiu mal, mesmo sabendo que tínhamos todos os motivos para não esperar melhores resultados, a desilusão ficou-lhe estampada na cara. Até aqui tudo bem, mas depois chegou mesmo a dizer que talvez tivéssemos que pensar numa vida sem filhos ou em adoptar. Eu sei que isto foi dito da boca para fora, no alto do da sua masculinidade ferida, sem um fundo de verdade. Mas existem tantas opções, tantas coisas por fazer, como é que podemos pensar em desistir assim ao mínimo contratempo?

Concordo que a relação a dois não deve ser desconsiderada, mais é difícil não pôr o sonho de ter filhos em primeiro lugar. Cá por casa, este sonho só nos juntou mais. Receei que esta caminhada acabasse por criar tensão entre nós e desse em discussões, mas não. Mais uma vez, também ainda não posso dizer que já tenhamos passado por muito, a verdade é que ainda andamos em fase de diagnóstico, não de tratamento, mas espero manter(mos) a serenidade quando se lá chegarmos.

Um amigo meu, a quem contei por alto o que se estava a passar connosco, disse-me que precisávamos era de ter calma (clichê#1), não desesperar (clichê#2), encarar isto tudo com naturalidade (clichê#3), afinal é só uma questão de tempo, vais ver!(clichê#4) Até porque ele até tem uma colega de trabalho que também andou a tentar uma série de tempo e quando foram ao médico e este lhes disse que o passo seguinte eram uma injecções, ela não quis porque não estava para esse trabalho. E acabou por engravidar naturalmente de gémeas uns meses mais tarde. Eu não desenvolvi, há assuntos que só percebe quem passa por eles, mas o que tive vontade de lhe dizer foi: caro P., das duas uma, ou ela não tinha realmente muita vontade de engravidar e quando as coisas se complicaram entregou nas mãos do destino, ou ela fez realmente algum tratamento e não contou a ninguém porque era um assunto privado. 

Agora não me digam que uma mulher não move montanhas para ter o filho que tanto deseja! Eu já considerei os cenários todos, não me parece que tenhamos que chegar a uma situação de dadores do que for ou sequer adopção, mas se tivéssemos, assim seria. Preocupa-me mais o facto de a gravidez só ser conseguida através de procriação medicamente assistida e o tempo e/ou dinheiro que isso nos vai custar.

Mas uma coisa de cada vez. Baby steps my dear, baby steps!

E o próximo é a consulta dia 10.

Até lá treinamos conforme prescrição médica, fun!!

Análises

Já temos o resultado das análises feitas no hospital, tudo mais ou menos dentro dos parâmetro normais, excepto o espermograma... 

Eu já sabia que não deveria esperar um resultado melhor, primeiro ainda não passaram 3 meses, e depois porque no dia em que levámos a colheita para análise fomos logo cedo e foi-nos dito que a técnica só chegaria às 11h... Não foi culpa nossa, no papel do médico estava marcado para as 8h! Disseram-nos que poriam a colheita na "estufa" e que em princípio não haveria problema. 

O resultado foi de 8,5 milhões quando em fevereiro tinha sido de 12 e o normal é superior a 20. 

Desta vez vinha lá mesmo escrito Oligozoospermia. Foi-me impossível não sentir um aperto no coração... 

pela confirmação do problema, 

pela reacção dele quando lhe contar, 

por não saber se será o suplemento que vai resolver isto...

Pedir ajuda

Quando, oh quando, é que eu me convenço que é este o caminho? 

Sou péssima a pedir ajuda, em tudo na minha vida, mas principalmente no trabalho. Primeiro porque sinto sempre que estou a incomodar alguém, depois porque tenho a tendência para achar que os outros não saberão fazer tão bem ou que vai levar muito tempo para explicar o que preciso... Entretanto carrego preocupações, pesadas responsabilidades e decisões difíceis sobre assuntos de trabalho. Quando à vezes basta pedir uma opinião, uma ajuda para decidir ou fazer, que tudo se resolve mais depressa e melhor. Fico mais leve e com uma maior confiança nas decisões tomadas e no trabalho feito, porque afinal andamos cá todos ao mesmo.

A actualidade...

Deixei de conseguir ver notícias à uns meses...

Foi um misto de enfartamento daquelas notícias-para-encher-chouriços misturado com a angústia que me davam aquelas notícias-de-cortar-os-pulsos da crise, do desemprego, da troika e daqueles crimes em que se matam mulheres, filhas e netas como se nada fosse e coisas afins.

A solução não será estar feita mula de olhos vendados e olhar só para a minha vidinha, claro, mas a mim tudo aquilo me afecta. Não consigo ver aquilo enquanto janto e depois ir dormir como se nada fosse. Fico ansiosa, começo a pensar em nós,

no marido desempregado, 

nas contas por pagar, 

no filho que queremos ter agora (será loucura?), 

penso nas pessoas que estarão numa situação bem pior que a nossa, 

nos políticos que parece que não nos vêm...

Oiço as notícias no rádio, um pequeno resumo do que se passa está bom para mim. E vejo a página de notícias do google.

À noite substituí o jornal pelo Family Guy... Não tenho a aprovação do marido, mas parece-me que quem cozinha é que manda não?

Consulta dele

Ontem lá fomos à consulta de urologia, sim fomos porque eu fui também! Ele pediu-me que fosse e distraído como é ia-se esquecer de metade do que o médico dissesse. 

O médico viu as análises e disse o mesmo que as outras médicas, os resultados podiam ser melhores, mas não são impeditivos de nada. É importante repetir o espermograma para confirmar os resultados e para ver se o Spermox está a fazer algum efeito. Foi detectado um varicocelo que pode estar a causar os resultados baixos. Aqui as coisas complicam-se um pouco porque só se resolve operando. A consulta para ir mostrar os resultados ficou marcada para Setembro (wtf???) e só depois é que se fará o procedimento... 

Entretanto passou mais análises, uma ecografia, um espermograma para este mês e outro para Maio (quando fazemos os 3 meses de suplemento).

Quero acreditar que em Maio os resultados serão melhores e que a operação não seja necessária. please, please, please

Depois o médico disse para irmos sempre tentando e perguntou-me se alguém já me tinha explicado como devemos fazer. Na realidade não, disseram-me algumas coisas por alto e o resto aprendi na net, mas informação nunca é demais. Disse-nos exactamente os dias em que devemos e não devemos treinar, inclusive que o marido deve fazer um jejum total se é que me entendem de 5 dias antes do período fértil (também se aplica aos espermogramas) para aumentar a concentração. 

Viemos um bocadinho desanimados com a possibilidade de uma operação e do tempo de espera, mas estou a tentar relativizar. Talvez nem seja preciso! 

Coincidência ou talvez não...

A propósito do aniversário aqui do estaminé,

Bruce Willis (hummm...) foi pai de uma menina pela 4ª vez no passado domingo, acho que o Sr. Die Hard terá descoberto a fórmula para fazer só filhas!:) E o rebento chama-se Mabel!

Gosto muito deste nome, tanto que batizei o blog com ele, como se vê. A primeira vez que o ouvi foi na série Mad about you, alguém se lembra? Era a filha do casal. Sinto-me velha...

Taxas moderadoras

No sábado, através do site da APF, fiquei a saber que as consultas de infertilidade estão dispensadas das taxas moderadoras. Parece-me muito bem, ora se o Sr. Cavaco quer mais bebés tem é que facilitar as coisas aos casais portugueses. Mas a verdade é que na semana passada eu paguei e o marido pagou também!! Não sabia e por isso não reclamei, mas agora vou tentar exigir o meu rico dinheirinho de volta.

1º Aniversário

Deixei passar o aniversário do blog, já fizemos 1 aninho! 

Seria motivo de comemoração, se não estivesse tudo na mesma situação em que começámos... 

Estou a ser injusta, não estou exactamente na mesma situação, se há coisa para o qual este tempo serviu foi para aprender imensas coisas. Bem sei que é um conhecimento teórico, mas faz-me sentir um pouquinho mais preparada para ser mãe.

Obrigada a todos os que cá passam, aos que deixam uma palavrinha e aos que seguem claro! :)